Por Vitalina de Assis.
Tem dias em que acordo com a ansiedade sufocando-me em um abraço
que insiste em prender-me. Tento ficar serena, tento convencê-la a dar-me um
tempo, tento dialogar, quem sabe assim compreende meu desassossego e me solte
por inteiro, ainda que momentaneamente. A tirana não me solta, finge amar-me e se
diz feliz por possuir-me.
Por onde anda o amor? Não me completo e como posso na
incompletude, completar o que quer que seja? Penso no destino... e na curva na
qual diviso-o mudar de lado. Poderias deixar
de ser tão inconstante e paralisar-se um pouco?
Não! Um pouco não! Já fizestes isto em outra ocasião e quando pensei
assentar-me na felicidade, levantou-se e seguiu adiante tão ligeiro que perdi
seu rastro e me encontro no vácuo de emoções sentidas das quais a desmemoria,
não se ocupa.
Que faço então? Respiro e dou conta de que estou viva e gritos
silenciosos se fazem audíveis no silêncio da minha alma.
Tenho ânsias de punir objeto da minha dor, angústia, ansiedade
ou mesmo uma ausência, entretanto, punida estou.
Talvez não tenha um corpo, talvez não tenha um rosto, talvez
nunca tenha sido real. Ou talvez seja um corpo, seja um rosto, seja real... em
outro tempo, em outra vida, em um sonho qualquer.
Vens sobriedade possuir-me disfarçadamente, aproxima-te da
ansiedade, faz-lhe um afago, se ofereça em amores. Ansiedade flerta e aceita a corte. Sinto
afrouxar sua pressão sobre mim, sobriedade assume meus medos e angústias discursa calmaria.
Vejo luz, aquieta minhas entranhas.
Outra face – esperança sorri. Sorrio. Compreendo. Espero
novamente. Imponho certeza. Espero.