“Onirizando”.
Por Vitalina de Assis.
Tive um sonho esta noite, melhor,
pesadelo. Temos por sonho, imagens reconfortantes, momentos que gostaríamos de
viver acordados, ou a encenação do que pensou nossa mente consciente o dia
todo, a semana passada, o mês passado, ou aquele momento ímpar em que
deveríamos ter dito isto ou aquilo, feito desta ou daquela forma. Enfim, é um outro momento de atividade, de se
relacionar, de vivenciar, enquanto nosso corpo sai de cena para um merecido
descanso. Você seria capaz de me contar o que sonhou esta noite? É capaz de
perceber se ficou afetado ou não? Se tal sonho, permitiu que reflexionasse
sobre tantos ou apenas um assunto, que te vai na alma?
Não procure em minha fala, dados
científicos, definições do Aurélio, hipóteses ou estatísticas, não produzirei
com tanto esmero. Quero apenas ouvir as palavras, deixar que elas fluam, se
pronunciem, contem sua historia.
É possível em dias tão corridos,
encontrar quem nos ouça assim? É abrir a boca a falar e escutar ouvidos de
olhares desatentos, se fechando lentamente como portas ruidosas, que não queremos
ouvir e mais, temos receio de que acordem a casa toda com desconcertante
rangido, revelando assim, os nossos mais profundos segredos. Preferimos então nos calar e sufocar palavras
já à porta de nossos lábios e aquilo que não falamos, fatalmente pronunciar-se-á em nosso subconsciente na calada da noite. Se atentos ao
despertar, ouviremos ecoando e já quase inaudível, sua fala e algum segredo
saltará diante de nossos sentidos. Se atentos ao despertar, afirmo. Aquele
momento ímpar, em que no silêncio do nosso quarto e pensamentos ouvimos as
batidas do nosso coração e, capazes de perceber o ar entrando e saindo de nossos
pulmões, fica fácil ouvir nossa alma.