Só consigo me resolver, virar a página, quando esgoto minhas palavras,
se é que isto é possível. Já não fazia mais sentido enviar mensagens, quando,
ao invés de respondê-las com o entusiasmo de antes,
"monossilabicamente" inferia-me o seu desinteresse, que dizia ser
trabalho, reuniões, almoços, viagens, uma correria desenfreada. Li
perfeitamente nas entrelinhas, o que não ousava escrever na pauta da melodia
que minha alma desejava executar.
Quando nossos olhares encontraram-se,
poderia jurar que uma química e empatia recíproca se instalara, mas
inexplicavelmente, meses depois, não se encontrava mais disponível o olhar que
me aquecia e ao fazer-se presente ao telefone ou respondendo mensagens,
era simplesmente a gentil resposta a um, "perceba-me aqui, por
favor!" Sem os desejados adjetivos que fazia dançar meu
espírito e rodopiar minha alma, uma formalidade se impunha a
contragosto do meu querer.
Meu querer absoluto era ter-te,
perder-me nos teus abraços, degustar teu gosto, sentir tua força, tua
delicadeza, encontrar-me em prazeres, gozar. No entanto, ele se fora! Deixou-me
ao relento dos meus desejos e sequer explicou-se. Não se deve tratar uma mulher
assim. Jamais!
Mulher é sentimento, pele, percepção.
Necessitamos ouvir e independente de um sim ou não, isto na
verdade pouco importa, o que importa é perceber que o outro considerou-nos
o suficiente para terminar, se iniciou-se algo e não foi a contento no
caminhar. Percebemos a magia, vemos suas cores, sentimos seu aroma, mas somos
incapazes, com a mesma sensibilidade e perspicácia perceber que o encanto
quebrou-se, embora o intuíamos em nosso mais profundo sentir. Mas o que a
intuição? Apenas a percepção direta, clara e imediata de uma possível verdade,
sem o auxílio do raciocínio. Isto é ser mulher, ser desprovida da
racionalidade, não baseamos nossos sentimentos na razão e na lógica. Razão e
lógica é a forma masculina de amar ou desamar alguém, nós, mulheres,
transitamos nossos sentimentos em outra "lógica", o que significa que
a mesma é o desejo autêntico de que se compreenda que, o que é o óbvio para
olhares masculinos, não é tão óbvio assim em nossos espelhos do sentir.
Nossos espelhos refletem imagens que
zombam da razão, que zomba do nossos sentimentos e ficamos entrincheirados,
entre um e outro. Na falta de um cuidado maior com o que sentimos ou
intuímos, nos ressentimos recolhendo ao nosso âmago, não o encantamento que
tirou-nos da nossa mesmice diária e nos fez sonhar, mas o ressentimento
provocado pelo descaso que substantivou-se em tantos compromissos
inadiáveis, números que ocuparam o lugar do ser. Nesta roda viva que nos
degusta, "cativar" não comporta mais responsabilidade com alguém que
cativamos? Cativamos "aquilo" (entenda-se por trabalho,
compromissos, metas) e estes "cativados", tornam-se ABSOLUTAMENTE
responsáveis, eternamente responsáveis em prender-nos no imediatismo, na
urgência, cumprindo fielmente sua proposta de manter-nos na periferia do que
realmente importa. Não giramos mais em torno do nosso umbigo onde se era mais
fácil alcançar o outro, embora o "girar em torno do umbigo"
denote a ideia de afastamento, o estar longe do umbigo é,
irremediavelmente estar desligado, cortado do que realmente pode fazer-nos bem.
Precisamos urgentemente reatar laços, submeter-nos a uma dependência saudável
do outro, das relações, dos sonhos e desejos que farão com que
compreendamos de fato a verdadeira essência do que versou Saint
Exupéry, imortalizada no romance: O Pequeno Príncipe: "Tu te tornas
eternamente responsável por aquilo que cativas".
Eternamente
pode ser um peso do qual queremos fugir todo tempo. Eu não imputaria
um peso deste porte a nada neste mundo tão efêmero, mas considero parte,
desta maneira de pensar ou seja, somos responsáveis em pontuar e deixar
claro, dentro do absolutamente possível, o que sentimos, não sentimos,
queremos, não queremos mais. Saia da inércia.
Só consigo me resolver, virar a página, quando esgoto minhas palavras, se é que
isto é possível. Já não fazia mais sentido enviar mensagens, quando, ao invés
de respondê-las com o entusiasmo de antes, "monossilabicamente"
inferia-me o seu desinteresse, que dizia ser trabalho, reuniões, almoços, viagens,
uma correria desenfreada. Li perfeitamente nas entrelinhas, o que não ousava
escrever na pauta da melodia que minha alma desejava executar.
Quando nossos olhares encontraram-se,
poderia jurar que uma química e empatia recíproca se instalara, mas inexplicavelmente,
meses depois, não se encontrava mais disponível o olhar que me aquecia e
ao fazer-se presente ao telefone ou respondendo mensagens, era simplesmente a
gentil resposta a um, "perceba-me aqui, por favor!" Sem
os desejados adjetivos que fazia dançar meu espírito e rodopiar minha alma,
uma formalidade se impunha a contragosto do meu querer.
Meu querer absoluto era ter-te,
perder-me nos teus abraços, degustar teu gosto, sentir tua força, tua
delicadeza, encontrar-me em prazeres, gozar. No entanto, ele se fora! Deixou-me
ao relento dos meus desejos e sequer explicou-se. Não se deve tratar uma mulher
assim. Jamais!
Mulher é sentimento, pele, percepção.
Necessitamos ouvir e independente de um sim ou não, isto na
verdade pouco importa, o que importa é perceber que o outro considerou-nos
o suficiente para terminar, se iniciou-se algo e não foi a contento no
caminhar. Percebemos a magia, vemos suas cores, sentimos seu aroma, mas somos
incapazes, com a mesma sensibilidade e perspicácia perceber que o encanto
quebrou-se, embora o intuíamos em nosso mais profundo sentir. Mas o que a
intuição? Apenas a percepção direta, clara e imediata de uma possível verdade,
sem o auxílio do raciocínio. Isto é ser mulher, ser desprovida da
racionalidade, não baseamos nossos sentimentos na razão e na lógica. Razão e
lógica é a forma masculina de amar ou desamar alguém, nós, mulheres,
transitamos nossos sentimentos em outra "lógica", o que significa que
a mesma é o desejo autêntico de que se compreenda que, o que é o óbvio para
olhares masculinos, não é tão óbvio assim em nossos espelhos do sentir.
Nossos espelhos refletem imagens que
zombam da razão, que zomba do nossos sentimentos e ficamos entrincheirados,
entre um e outro. Na falta de um cuidado maior com o que sentimos ou
intuímos, nos ressentimos recolhendo ao nosso âmago, não o encantamento que
tirou-nos da nossa mesmice diária e nos fez sonhar, mas o ressentimento
provocado pelo descaso que substantivou-se em tantos compromissos
inadiáveis, números que ocuparam o lugar do ser. Nesta roda viva que nos
degusta, "cativar" não comporta mais responsabilidade com alguém que
cativamos? Cativamos "aquilo" (entenda-se por trabalho,
compromissos, metas) e estes "cativados", tornam-se ABSOLUTAMENTE
responsáveis, eternamente responsáveis em prender-nos no imediatismo, na
urgência, cumprindo fielmente sua proposta de manter-nos na periferia do que
realmente importa. Não giramos mais em torno do nosso umbigo onde se era mais
fácil alcançar o outro, embora o "girar em torno do umbigo"
denote a ideia de afastamento, o estar longe do umbigo é,
irremediavelmente estar desligado, cortado do que realmente pode fazer-nos bem.
Precisamos urgentemente reatar laços, submeter-nos a uma dependência saudável
do outro, das relações, dos sonhos e desejos que farão com que
compreendamos de fato a verdadeira essência do que versou Saint
Exupéry, imortalizada no romance: O Pequeno Príncipe: "Tu te tornas
eternamente responsável por aquilo que cativas".
Eternamente
pode ser um peso do qual queremos fugir todo tempo. Eu não imputaria
um peso deste porte a nada neste mundo tão efêmero, mas considero parte,
desta maneira de pensar ou seja, somos responsáveis em pontuar e deixar
claro, dentro do absolutamente possível, o que sentimos, não sentimos,
queremos, não queremos mais. Saia da inércia.