quarta-feira, 16 de abril de 2014

Em férias????






Sabe como nós mesmos, nos sabotamos? Fingindo esquecer que o tempo segue e ficar meio crianças que nada necessitam fazer, apenas esperar que os pais providenciem tudo. Como não sou mais criança e tudo depende de um gesto meu, preferi ficar de gestos cruzados. Tenho andado muito desanimada e agora em férias, o dia todo comigo mesma, tem sido uma experiência meio traumática. Não consigo dormir nem de noite, nem de dia, não trabalho em casa como deveria e apenas vejo os dias me escaparem neste cansaço que não me alforria.

Engraçado esta ironia de deixar a rotina degustar-nos, sentimos seus dentes mastigando-nos lentamente, e o cheiro do ácido digestivo nos nauseando, é incenso a invocar calma e deuses que não cumprem seu papel. A calma me angustia e os deuses me impõem um fardo nada leve, tampouco suave. Não sei se deveria  dizer tudo isto, temo oprimir-me ou causar-me um desconforto ainda maior. Por favor, me perdoe, perdoe este egoísmo, esta necessidade de despejar aqui, meus infortúnios. Mas meu coração se abre quando me assento a escutar-me. 

Gostaria muito de ao estar comigo, aliviar minhas dores 'almáticas', ouvir-me, ajudar a libertar-me destes males que me acometem, ficar bem próxima de mim, ser presença amiga constante. Servir-me-ia um chá ou algo que aprecie muito e conversaríamos por horas ou em silêncio, gritaríamos nossos segredos. Às vezes penso que não sou boa companhia ou a amiga ideal para se ter, haja vista não possuir amigas ou alguém que se importe realmente comigo. Parece-me que mulheres descasadas, ainda em nosso século, são pessoas das quais devemos manter certo distanciamento. Homens  aproximam, se afastam e com a mesma desenvoltura se vão tão rapidamente, quanto o prazer que sentimos em sua companhia. Tempos modernos? Desejo a calma de dias pré-históricos! Papeis bem definidos, uma segurança no entorno a abraçar-nos em zonas de conforto. Abalaram esta ordem e nos perdemos em descaminhos vários. Preciso urgentemente realinhar meu universo, me encantar com a simplicidade, me vestir de cores, permitir que a primavera me envolva e deixar que floresça meus ramos.
Dizer-me-ei um segredo: não estou nada feliz. Tenho andado muito sozinha e o tal, (Relacionamento? Caso? Envolvimento sem importância alguma para ele?) nem sei como chamar o que tenho, minto, sei sim, só não quero admitir: um nada para o amanhã, sementes inférteis, um campo des-arado que jamais vai florir e sinto que não está mais  fazendo-me feliz, aquilo que outrora fazia. Acho que preciso me valorizar mais, sei lá. E se me valorizo, alimento minha solidão que se alimenta de mim sem cerimônia alguma. A mesa posta com requintes e eu, entrada, prato principal, sobremesa, cafezinho e depois de tudo digerido e processado, me vejo descarga abaixo. Por favor me perdoe! Não sei por onde anda minha alta estima, meu otimismo, meu olhar mais perspicaz. Somos frutos do nosso pensamento e os meus, andam tenebrosos demais! 
Deveria ter viajado, pisado em areias quentes, mergulhado no mar que parece o mesmo todos os dias ainda que ventos alterem sua ordem, levantem suas ondas e faça-o sentir-se mais imponente, como se disto necessitasse. Nós sim, precisamos de algo que nos altere: brisa, vento, tempestade, raios solares que nos incomodem e nos façam andar a procura de sombra. Necessito urgentemente de tudo isto, preciso levantar acampamento, sou a presa entre arbustos e meu algoz já saliva sobre mim.  Então penso que tudo isto são apenas palavras agrupadas, não sentimentos e se são apenas palavras, posso num breve toque, deleta-las, com uma gentil borracha apagá-las, quem sabe rasgar a página na qual descansam, ou fechar o livro que não mais desejo ler. Agrupar outras palavras em novas páginas, ou simplesmente pintar outra tela. Que pena, não sei pintar, quem sabe se o soubesse, fosse a tinta e a tela um libertar mais efetivo, e o gris que insiste em cobrir-me, fosse coberto com cores quentes. Adoraria dar-lhe este susto!

Me pego todos os dias alimentando uma ilusão, aliás, nem classifico como ilusão porque sei o peso da realidade. Dezembro se aproxima, um ano e o que tenho? Cultivei amor e nada colho para guardar em minha árida alma, terra ressequida que se abre em sulcos apenas para mostrar que envelheço sem raízes, embora estenda sentimentos como garras enfraquecidas que não conseguem reter o fio invisível e intocável da esperança. Minha, não chamarei de minha, não possuo a esperança, (não em sua plenitude, embora sinta seu cheiro) não coabito com suas entranhas e isto faz de mim um ventre seco, uma mulher seca, um ser desidratado. O que me desidrata é um lacrimejar que, se não rega minha face, me afoga em sabores de impotência. Lágrimas possuem a missão de alívio e forças para mudanças, as minhas são missivas sem destinatário, pequenos ou grandes bilhetes a 'ninguém  possa interessar'. Comigo ficam, estacionam, incham meus olhos e em nada aliviam, não provocam mudanças. Até quando me deixarei ficar assim tão submissa?  

É por isto que desejo um amor, uma paixão correspondida, um sentir capaz de quebrar algemas, romper grilhões, abrir as cadeias que me oprimem e limitam meu caminhar. Um Pentecostes! É disto que preciso! Uma libertação tamanha a ponto de meu algoz, empunhar sua espada e desejar matar-se. Um Pentecostes que traga liberdade e novos propósitos para quem, aprisiona e vigia e para quem, preso e vigiado, sonha com terras de liberdade. 

4 comentários:

  1. Comentário de SEBASTIANA SODRÉ TRUGILHO em 21 novembro 2012 às 22:50
    (Transcrito da minha página, na Casa da Poesia que foi desativada.)

    Querida amiga VITALINA!li e reli seu eu dentro de você mesma, um conflito com sigo mesma ,eu te entendo muito bem,mas vejo você uma mulher forte ,as lágrimas não são para quem se aja fraco,felizes são aos chora, porque seu chorar esta sendo visto não por mim nem por amigos mas esta sendo visto pelo nosso DEUS, ainda bem que você não perdeu totalmente a esperanças, de querer viver ser amada ,amada sua terra e muito fértil,e de tudo que li eu vejo em você uma prisão ente si mesma amada,você fala DEZEMBRO esta chegando cultivou o amor nada colheu em sua alma, árida envelhece sem raízes,minha querida tudo tem Sua hora em que DEUSsempre tem aquele amor incondicional te entendo já passei por estes momentos e ainda passo nas minhas solidão,mas vejo em você o orgulho de ser mulher e passar seus momentos, sem receio ,sim natal ta chegando, mas olhe bem dentro de você mesma você vai descobrir que é uma mulher feliz embora com tudo isso, olhe para traz para os lados para frente que você vai notar como es feliz creia fielmente em DEUS, que todas as correntes que te prende ,por qualquer motivos para DEUS nada e impossível ,que nos não conseguimos com certesa ele te concederas um maravilhoso presente para você,nunca deixe de ser amar dou para voce meus aplausos por tudo que teve a coragem que muitos não tem de dizer não estou feliz.

    És maravilhosa corajosa e sua terra é fértil ,como as mãos de DEUS MULTIPLICARA SUAS FERTILIDADES FÉ MINHA AMIGA, se não fosse um pouco da minha fé hoje não estaria aqui ,que adianta ter um momento de amor paixão se não saímos da solidão ,amor ,amor, mesmo não deixa nos ficar marcas profundas que vira uma ferida cronica,,falo de mim amei deixei tantas coisas por um amor meu que amei por nos dois DEUS sabe como sofri por um amor que não valeu apenas ,deixei tudo para traz, refiz minha vida graças A DEUS estou aqui, força não te falta , não deixe o medo ser o vencedor, tudo isso nas ultimas frases que você comenta vai acontecer porque DEUS E FIEL você o ama ele te ama muito mas creia minha amada sonhos foi feitos para realização se todos não foram realizados mas tenho certeza que o maior que tanto deseja DEUS vai realizar, grande abraços, fé coragem você, tem liberdade, e se sentir feliz dentro de você mesma não deixe de ser feliz dependendo da felicidade de quem não te mereça ,fica com o maior amor do mundo JESUS,TE GUARDE SEUS PASSOS SEUS CAMINHOS E SEUS SONHOS.MONTÃO DE BEIJOS. você É FELIZ,
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    1. Comentário de Vitalina de Assis em 10 fevereiro 2013 às 23:32

      Querida Sebastiana,

      Lamento não ter te agradecido antes por tão gentis palavras.

      Muito obrigada querida, já se passaram os dias e já em Fevereiro, percebo que a vida continua e que todas as coisas mudam ou nos adequamos à elas. Fato é que o amor que plantei e não colhi como se colhem rosas que usamos para enfeitar vasos no interior de nossa casa, ainda permanece rosa no jardim e quando posso, quando me permite o "jardineiro", toco em suas pétalas, sinto sua textura e seu perfume a aromatizar meus dias. Não sei se algum dia colherei esta rosa, mas enquanto estiver no jardim, ao qual tenho acesso, muito me alegra poder tocá-la. Talvez alguns amores sejam apenas isto, rosas a enfeitar o jardim de nossa existência, estão conosco, mas não se pode colhê-los, entretanto isto não lhes furta a beleza e o frescor.

      De tudo e por tudo serei grata e aprenderei, como se aprende tudo a que dedicamos tempo, a zelar e tê-las como dádivas que enchem os olhos e alegra a alma.

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  2. Comentário de Vitalina de Assis em 12 novembro 2012 às 14:41

    Hola amiga Márcia.

    Obrigada amiga, o universo feminino é peculiar e universal a todas nós. Algumas já o "controlam" com uma certa "habilidade", maestria que a vida ensinou e ensina a cada dia. Fim de ano, ano novo, projeto cultivado durante um ano inteiro ou anos a fio, bom seria se tivéssemos sucesso nestas empreitadas. Entretanto, algumas coisas são para nós e outras talvez não. Desejo-lhe que concretize seu sonho e que a realização do mesmo, lhe traga infinitas alegrias.

    Bjs e mais uma vez obrigada.
    .

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  3. Comentário de fabio leonardo lucas garcia em 10 novembro 2012 às 9:46
    (Transcrito da minha página, na Casa da Poesia que foi desativada.)

    Belo texto falando de si mesmo, olha como eu já mencionei o vaso precisa de flores para isso foi feito, mas não por isso colocamos qualquer flor, como já disse o sábio o espelho mostra quem realmente te ama e se importa embora a vida tenta mostrar o contrário, cada pessoa tem seu mundo só dele e que por mais que procurem não acham só DEUS sabe é só nosso nele habita nossa alma nosso coração nossos desejos nossos sonhos. ( nossa fui fundo isso vai dar poema)

    Abraço

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Seu comentário muito me honra. Sinta-se em casa.

Agradecida,

Vitalina de Assis.